Hoje eu vi...

Bem, serei eu a inaugurar este espaço!
Provavelmente fui dos últimos a começar o estágio, hoje foi apenas o meu segundo dia.
Estou a estagiar na ozonovideo, uma empresa de edição de vídeo situada na Gândara, bem perto de casa!
Hoje foi o segundo dia mas já tive uma grane oportunidade de testemunhar o que se passa atrás das câmaras.
Tudo o que o espectador vê em casa não acontece sem que todos os pormenores sejam ultimados com bastante antecedência.
Sim, toda a gente sabe isso, mas poucos são aqueles que já o viram acontecer!
Hoje o Primeiro-ministro José Sócrates, acompanhado pelo ministro Mário Lino e Isabel Damasceno, estiveram presentes no Castelo de Leiria para celebrar a assinatura de um contrato entre diversas empresas, tanto locais como nacionais, com o Estado.
Servia esse contrato para a construção e manutenção da nova IC36, que irá ligar diversas cidades da zona centro a Leiria, possibilitando uma redução de trânsito no centro da cidade, diminuindo os acidentes mortais em 46%, reduzindo a poluição na zona central da cidade e criando cerca de 14 mil postos de trabalho.
Mas esta não é a informação que gostaria de partilhar.
Gostava de partilhar a alegria que senti quando o polícia mandou parar o carro em que seguia, pedindo as credenciais, mostrando o lugar onde poderíamos estacionar o nosso carro, o caminho feito até a entrada do castelo com a câmara na mão e o tripé na outra…Era o início!
O segundo dia de estágio e tanta acção! Foi um momento importante para a cidade, estavam presentes bastantes figuras da política portuguesa, diversos jornalistas, operadores de câmara, estava tudo preparado para o evento.
Hoje vi um senhor a falar sozinho para um microfone – estava a fazer um directo.
Vi jornalistas que aparecem todos os dias na Tv. – a entrevistar o Primeiro-ministro.
Vi uma daquelas câmaras que se vêem nos jogos de futebol e que acompanham ao nível do solo o movimento das pessoas.
Vi uma caixa onde todos os jornalistas vão tirar o som que saia dos 2 microfones do púlpito.
Vi uma grua de 3 metros.
Vi…
Hoje foi um bom dia!

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"Como eu, estão nesta situação milhares"

Ter 30 anos é sinónimo, na sociedade portuguesa, pertencer à geração dos recibos verdes ou dos mil euros como já nos apelidaram.

Sou licenciada em Comunicação Social e sou Jornalista. Esta frase soa-me sempre à descrição de uma personagem de um conto ou de uma estória, porque apesar de ser verdade é irreal.

Trabalho há seis anos como jornalista, sobretudo na área da televisão. Tenho saltado de produtora em produtora, de projecto em projecto, sempre a recibos verdes, onde nos exigem total dedicação e nenhuma valorização, onde os meios não existem e a qualidade é discutível.

Habituada a trabalhar cerca de 10 horas por dia em cada projecto, no final tudo acaba e a equipa é espartilhada, a redacção desaparece e fica apenas a mobília.

A carteira profissional, consegui a de estagiária, depois de várias tentativas. Não foi renovada porque não estive doze meses seguidos a trabalhar. O sistema castiga-me porque eu sou jornalista, trabalho em condições precárias, sou explorada e muitas vezes mal tratada por quem me contrata e não tenho direito à carteira profissional, não posso pertencer a um sindicato que me proteja e defenda os meus direitos. Subsídio de desemprego... não claro que não afinal sou uma profissional liberal.

E como eu, estão nesta situação milhares, senão a maioria daqueles que alimentam diariamente os jornais, as televisões, as rádios e as produtoras. Multiplicam-se os estágios, não remunerados e explora-se a vontade e a ambição de quem quer vencer num mercado viciado, que não dá trabalho a quem forma, mas que os descarta ao fim de algum tempo "para dar lugar" a uma nova vaga de estagiários ávidos que acreditam sempre, que com eles vai ser diferente.

Estou há seis meses sem trabalho, todos os dias respondo a mais do que uma candidatura de emprego. Respostas, tive duas. Todos os dias leio os jornais, vejo os noticiários televisivos e todos os dias vejo os mesmos nomes.

Parece um comentário derrotista... talvez, mas eu ainda não desisti.

A ideia de um 5º Canal que possa não só mudar a televisão em Portugal, e que possa dar valor ao trabalho de jornalista, dá-me vontade de arregaçar as mangas e vestir a camisola. Espero que o vosso projecto, a ganhar, faça de facto a diferença que promete. Saúdo por isso a Telecinco, por terem a ousadia de propor uma redação com 147 jornalistas e por definir como código de honra a contratação a termo, o que representa um " Não" claro ao recurso aos recibos verdes e um "Sim" à dignificação do Jornalismo.

Matilde Machado in blog do novo projecto empresarial de televisão - Telecinco